domingo, 25 de fevereiro de 2007

Venham Mais Cinco

Venham mais cinco,
duma assentada que eu pago já
Do branco ou tinto,
se o velho estica eu fico por cá

Se tem má pinta,
dá-lhe um apito e põe-no a andar
De espada à cinta,
já crê que é rei d’aquém e além-mar


Não me obriguem a vir para a rua
Gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa
E zarpar



A gente ajuda, havemos de ser mais
Eu bem sei
Mas há quem queira, deitar abaixo
O que eu levantei


A bucha é dura, mais dura é a razão
Que a sustem só nesta rusga
Não há lugar prós filhos da mãe


Não me obriguem a vir para a rua
Gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa
E zarpar


Bem me diziam, bem me avisavam
Como era a lei
Na minha terra, quem trepa
No coqueiro é o rei


A bucha é dura, mais dura é a razão
Que a sustem só nesta rusga
Não há lugar prós filhos da mãe


Não me obriguem a vir para a rua
Gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa
E zarpar



(José Afonso)

2 comentários:

José Leite disse...

"Embalar a trouxa e zarpar!"

E lá foi o Zeca para outras paragens, onde o sol nunca se põe...

António Melenas disse...

Grande Zeca! que melhor figura para lembrar no 25 de Abril. Também no meu post "Enquanto e não# pus uns versitos que fiz, ao correr da pena, sobre os Cravos de Abril.
Um abraço